Afinal não passaram 22 dias, ainda faltam 8.
A câmara vai pagar os custos de funcionamento do Rivoli para cumprir as suas promessas verbais. Como o Fantasporto tem sorte! Não foi assim com todos.
Aparentemente a câmara além de procurar caloteiros escondidos nas candidaturas, está também a estudar a possibilidade fundir candidaturas ou integrar numas ideias de outras. Porque será que isto me parece estranho e pouco ético? Assim de repente parece que a câmara anda a soprar a alguns candidatos as soluções de gestão e programação encontradas por outras entidades. É estranho.
Rui Rio afirmou: - "É preferível resvalar 30 dias do que ser muito rigoroso no cumprimento de prazos e não tomar a melhor decisão"
Sinceramente espero que sejam capazes de tomar a melhor decisão até ao fim do mês. Obviamente a única solução possível: cancelar esta consulta absurda e que já parece uma má comédia de costumes e encontrar uma solução em que o interesse da cidade seja salvaguardado.
Serão os números bolotas que se atiram...
O Rivoli custava à autarquia, números divulgados pela Câmara, 11 milhões de euros em cada mandato. 2,75 milhões de euros por ano, ou seja 229 mil euros por mês.
Ora, foi anunciado que, depois de ter tido um orçamento da cultura neste ano de 10,8 milhões de euros em 2006, o orçamento de 2007 será de 10 milhões. O que aconteceu aos 2,75 milhões que supostamente iriam poupar para a acção social? Entregar o Rivoli a privados apenas poupa, no próximo ano, 0,8 milhões de euros à cidade. E o resto vai afinal ser gasto em outras iniciativas culturais da Câmara ou é o que custará pagar as indemnizações aos trabalhadores que vão ser despedidos da Culturporto?
Será que afinal o argumento de poupança para se poder investir noutras áreas é falso? Iremos assistir nos próximos tempos a um forte investimento da Câmara na área cultural? Não em estruturas de criação, não no lançamento de condições para que a vida cultural da cidade se afirme, mas sim na compra de eventos nacionais e internacionais em formato de “pronto-a-vestir”? Irá transformar-se a politica cultural da Câmara numa politica de pão e vinho?
Com o anúncio de que o Rivoli apenas será entregue após o Fantasporto, irá aumentar o orçamento de 2007 em 687,5 mil euros (custo do funcionamento do Rivoli em 3 meses). Se assim for lá se vai a poupança no próximo ano e lá se vai o Rivoli para mãos de privados. Ou será que o Rivoli vai fechar as portas em Janeiro? Mantendo os trabalhadores sem fazerem nada, ou vão despedi-los no inicio do ano e contrata-los para porem o Rivoli a funcionar durante o Fantasporto?
O problema dos números, que como bolotas se atiram, é quando entre si não batem certo, e quando por trás deles se tentam perceber as opções. E única conclusão a que eu consigo chegar é que a Câmara Municipal do Porto, na área da cultura, faz navegação á vista e ainda por cima com vistas curtas.
Ricardo Alves
Director do Teatro da Palmilha Dentada